Carta Mensal aos Clientes – Maio 2025

“A história não oferece exemplo de uma nação que tenha se beneficiado da desvalorização prolongada de sua moeda.“ Ludwig von Mises Cenário Local O ambiente econômico brasileiro vive uma fase de sensível reprecificação, refletindo uma combinação de fatores fiscais, políticos e de desconfiança institucional. Após um primeiro trimestre relativamente estável, o mês de abril trouxe uma deterioração clara nas expectativas, tanto por eventos domésticos quanto pela influência do cenário internacional. A reavaliação da trajetória da taxa Selic, a escalada da dívida pública e os ruídos na comunicação do governo contribuíram para um ambiente de maior aversão a risco e aumento dos prêmios exigidos pelos investidores. No epicentro da recente crise de credibilidade esteve o episódio envolvendo o aumento do IOF sobre fundos no exterior. O movimento, articulado inicialmente pelo Ministério da Fazenda como uma tentativa de reforçar o compromisso fiscal, foi mal-recebido pelo mercado. A medida foi interpretada como um controle de capitais, com risco direto para os fluxos de investimento internacional e o setor de fundos multimercados. A falta de coordenação interna, o vazamento precoce da informação e a ausência de comunicação clara agravaram o cenário. O governo precisou recuar em poucas horas, excluindo os fundos internacionais do escopo da taxação, em um novo decreto publicado às 22h30. Esse episódio expôs fragilidades importantes na articulação política e técnica da equipe econômica. O ministro Fernando Haddad, que buscava retomar protagonismo, acabou isolado. Enquanto isso, o Congresso, setores do rentismo e até agências de rating — como a Moody’s — elevaram o tom, num movimento percebido como um ataque sincronizado à condução fiscal do governo. A dívida pública federal atingiu R$ 7,6 trilhões, alta de 1,44% em abril, enquanto a dívida bruta chegou a 76,2% do PIB, com o superávit primário ficando abaixo do esperado. A apropriação de R$ 70,3 bilhões em juros no período reforça o peso crescente do serviço da dívida no orçamento nacional. A instabilidade institucional também ganhou destaque. A declaração do senador Jaques Wagner, líder do governo no Senado, defendendo o aumento do IOF como uma forma de “justiça tributária”, acirrou os ânimos entre Executivo e Congresso. A medida foi duramente criticada por agentes de mercado e parte da base legislativa, evidenciando a fragilidade da articulação política em um cenário pré-eleitoral cada vez mais sensível. Com a eleição presidencial de 2026 já no radar, movimentos populistas e disputas narrativas tendem a ganhar força, o que amplia a percepção de risco político. Apesar do ambiente turbulento, grandes instituições financeiras internacionais como JP Morgan e Bank of America elevaram sua exposição ao Brasil. O movimento, embora contraditório à primeira vista, reflete o entendimento de que o país, mesmo sob pressão, ainda apresenta assimetrias atrativas e preços descontados — especialmente quando comparado a pares emergentes. Diante de tudo isso, reforçamos a importância de estratégias defensivas, diversificação prudente e gestão ativa de portfólios. O momento exige disciplina, seletividade e um olhar apurado para os riscos institucionais, fiscais e de governança, que hoje são os principais vetores de oscilação no mercado local. Cenário Internacional O ambiente global continua marcado por um equilíbrio tênue entre resiliência econômica e tensões geopolíticas em expansão. Após um primeiro trimestre de crescimento robusto em diversas regiões — com destaque para países como Brasil, Índia e EUA —, o segundo trimestre iniciou com reprecificação de riscos, frustrações com o calendário de cortes de juros e aumento da fragmentação institucional. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve manteve sua posição cautelosa frente à inflação persistente, especialmente em serviços. O mercado de trabalho continua forte, o que dá ao Fed espaço para postergar o ciclo de cortes. A curva de juros americana voltou a se inclinar, refletindo não apenas a resiliência da economia, mas também crescentes preocupações fiscais. O déficit público ultrapassa 7% do PIB, e os vértices longos dos Treasuries exigem prêmios mais elevados. Em paralelo, o dólar se fortaleceu, pressionando moedas emergentes e adicionando volatilidade à precificação dos ativos globais. No campo geopolítico, maio foi atravessado por uma série de episódios que aumentaram a tensão nas relações internacionais. A Comissão Europeia lamentou “veementemente” o aumento das tarifas norte-americanas sobre o aço, classificando a medida como um fator de incerteza adicional para a economia global. Donald Trump, ampliou os atritos com o Sul Global, incluindo um encontro constrangedor com o presidente sul-africano e declarações agressivas sobre parceiros comerciais. Ainda assim, as bolsas europeias fecharam o mês em alta, impulsionadas por ganhos nos setores industrial e tecnológico. O apetite por risco em regiões fora dos EUA vem crescendo, sustentado por estímulos localizados — como os adotados recentemente na China — e pela busca por valuation mais atrativo. A Índia, por exemplo, além de manter ritmo acelerado de crescimento, projeta abrir mais de 1 milhão de vagas voltadas à inteligência artificial até 2026, consolidando sua estratégia de transformação tecnológica. No Oriente Médio, o conflito entre Israel e o Hamas permanece latente. Apesar da sinalização do grupo pela retomada imediata das negociações de cessar-fogo, episódios como o ataque com coquetéis molotov em um ato pró-Israel nos EUA reforçam o risco de radicalização e exportação da crise. A reação internacional é polarizada: enquanto o chanceler saudita acusa Israel de bloquear a paz, a Conib aponta declarações de líderes latino-americanos como combustível para o antissemitismo. Ao mesmo tempo, a revolução tecnológica avança de forma desigual. A Índia e a Alemanha, por meio de iniciativas como as da Siemens, têm enfatizado o potencial do uso eficiente de dados e IA. O lançamento do Veo 3 pelo Google — modelo de IA que gera vídeos realistas — e a crescente oferta de cursos gratuitos por instituições como a FGV são reflexo da aceleração educacional e corporativa voltada à adaptação digital. O ambiente global continua marcado por um equilíbrio tênue entre resiliência econômica e tensões geopolíticas em expansão. Após um primeiro trimestre de crescimento robusto em diversas regiões — com destaque para países como Brasil, Índia e EUA —, o segundo trimestre iniciou com reprecificação de riscos, frustrações com o calendário de cortes de juros e aumento
Carta Mensal aos Clientes – Abril 2025

A tarefa da economia não é prever o futuro, mas tornar os riscos mais claros. ” John Kenneth Galbraith” Cenário Local O mês de abril trouxe uma sucessão de acontecimentos relevantes que, embora impactantes em termos noticiosos, não se traduziram em movimentos expressivos nos ativos domésticos. Esse descolamento evidencia um comportamento típico de “calmaria aparente”, com o mercado local navegando em patamares recordes – a Bolsa brasileira atingindo all-time high – enquanto as atenções seguem concentradas em fatores exógenos. Esse desequilíbrio nos preocupa do ponto de vista tático: a falta de estresse atual pode ser ilusória e, quando a maré virar, o impacto tende a ser abrupto e potencialmente semelhante ao observado no final do ano passado, com dólar disparando e mercado acionário corrigindo de forma abrupta. No front internacional, a XP destacou que, apesar do aumento do interesse por ações e ouro – ambos impulsionados por um ambiente global de incerteza e busca por ativos de proteção –, a renda fixa permanece como a classe de ativos mais demandada. Esse comportamento reflete um apetite global por segurança e previsibilidade, algo que se contrapõe à instabilidade percebida em mercados emergentes como o Brasil. Os dados mais recentes do Banco Central reforçam a leitura cautelosa: o investimento estrangeiro em ações brasileiras registrou saldo negativo de US$ 2,71 bilhões em março, enquanto os aportes em títulos de renda fixa no país tiveram saída líquida de US$ 841 milhões no mesmo período. Esse fluxo negativo demonstra claramente a relutância dos investidores globais em manter exposição local, algo que afeta a liquidez e pode intensificar movimentos adversos quando houver realocação de portfólio em escala. No campo fiscal, a Dívida Pública Federal voltou a crescer, atingindo a impressionante marca de R$ 7,51 trilhões em março, uma alta de 0,22% no mês. Apesar de o setor público ter apresentado um superávit primário de R$ 3,588 bilhões e a dívida pública bruta ter recuado para 75,9% do PIB, o alerta estrutural permanece: segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil deverá figurar como a 15ª maior dívida pública do mundo até 2030, com um índice de endividamento projetado em 99,4% do PIB. A tendência de deterioração estrutural cria um cenário desafiador para a gestão fiscal de longo prazo. Essa preocupação é reforçada pelo Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, que revela um descompasso perigoso: enquanto as despesas obrigatórias crescem ininterruptamente, a previsão de receitas permanece otimista e potencialmente superestimada. O risco? Um cenário de colapso já em 2027, com recursos insuficientes para manter a máquina pública funcionando. Destacam-se aqui as despesas com precatórios e emendas parlamentares, que comprometem boa parte do orçamento discricionário e fragilizam ainda mais a sustentabilidade fiscal. No plano político, o Brasil volta ao foco com a instauração da CPI do INSS. O escândalo, desvendado pela Operação Sem Desconto, expôs fraudes bilionárias em benefícios previdenciários, envolvendo convênios entre o INSS e entidades de classe. A complexidade do caso – que remonta a falhas regulatórias e operacionais desde 2020 – fragiliza ainda mais a confiança institucional e cria mais uma camada de incerteza para o ambiente doméstico. Por ora, apesar desses sinais de alerta, o mercado segue resiliente. No entanto, o excesso de otimismo, descolado da realidade fiscal e da fragilidade institucional, pode ser um risco latente. Investidores devem, portanto, manter uma postura prudente e diversificada, com especial atenção para proteção cambial e exposição a ativos globais, mitigando potenciais impactos abruptos advindos de um cenário que hoje parece tranquilo, mas cuja vulnerabilidade estrutural é inegável. Seguimos atentos aos desdobramentos e reforçamos nosso compromisso em manter estratégias de investimento sólidas e alinhadas ao perfil de risco de cada cliente, priorizando segurança patrimonial em meio a um ambiente que, embora aparentemente estável, segue carregado de desafios. Cenário Internacional Abril se encerrou com os mercados globais navegando entre sinais contraditórios: enquanto os resultados corporativos robustos – como os de Microsoft e Meta – trouxeram alívio e sustentaram altas relevantes nas bolsas americanas, os fundamentos macroeconômicos continuaram a indicar prudência. O S&P 500, por exemplo, avançou 0,6% na última sessão do mês, enquanto o Nasdaq subiu expressivos 1,5%, puxados pelo otimismo renovado com a inteligência artificial. Entretanto, por trás desse ambiente aparentemente positivo, destacam-se tensões comerciais crescentes que pressionam a dinâmica global. A crise de taxações entre Estados Unidos, União Europeia e China atingiu novo patamar: Washington sinalizou tarifas elevadas com vigência a partir de julho, enquanto Bruxelas articula uma oferta bilionária para ampliar compras de produtos americanos e assim evitar medidas mais drásticas. Essa movimentação tem potencial para aliviar parte da pressão no curto prazo, caso um acordo seja selado, mas não elimina o risco de fragmentação global mais profunda em função da intensificação das políticas protecionistas. A China, por sua vez, intensifica o diálogo bilateral e reitera a necessidade de “sinceridade” nas negociações. Do ponto de vista macroeconômico, os Estados Unidos apresentam um quadro misto. O Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE), termômetro preferencial do Federal Reserve, trouxe uma leitura ligeiramente acima da expectativa anual, marcando 2,3% contra os 2,2% projetados. No entanto, o núcleo do índice veio estável, em linha com as previsões, apontando sinais de resiliência na trajetória desinflacionária. Por outro lado, a primeira prévia do PIB do 1T25 registrou inesperada contração de 0,3%, frustrando as expectativas de expansão e gerando impactos negativos temporários nos índices acionários. A confiança do consumidor, medida chave para projeções futuras, manteve sua trajetória descendente, caindo para 86,0 pontos em abril, bem abaixo dos 93,9 anteriores. Apesar desse viés negativo, o mercado manteve relativa estabilidade, sustentado por resultados corporativos acima do esperado e pela expectativa de avanço nas negociações comerciais, além de uma perspectiva ainda construtiva para a economia americana no médio prazo. Adicionalmente, vale destacar que o cenário tecnológico global está sob escrutínio. A China iniciou uma ofensiva regulatória robusta para conter abusos no uso da inteligência artificial, enquanto o Google lançou novas funcionalidades em sua IA Gemini, reforçando a corrida tecnológica. No Brasil, a nova legislação de IA também promete
Carta Mensal aos Clientes – Março 2025

“No curto prazo, o mercado é uma máquina de votar; no longo prazo, é uma balança.” – Benjamin Graham Cenário Local O mês de março foi marcado por uma crescente sensação de desconforto no ambiente doméstico. A economia brasileira, embora resiliente em alguns indicadores, vem apresentando sinais de enfraquecimento diante do agravamento do quadro fiscal, do aumento da incerteza política e de um ambiente de negócios cada vez mais pressionado por intervenções e mudanças regulatórias. Essa combinação exige cautela e reavaliação das estratégias de alocação. O ponto mais sensível no momento é o fiscal. A carga tributária brasileira atingiu 32,3% do PIB em 2024, o maior patamar em 15 anos, impulsionada por medidas de recomposição de receitas e alterações promovidas na Emenda Constitucional nº 132/2023, que instituiu a nova reforma tributária. Embora a promessa de simplificação do sistema tenha sido amplamente divulgada, o efeito prático inicial foi uma complexidade ainda maior e o aumento da alíquota estimada do novo IVA para 28%, colocando o Brasil no topo do ranking global de tributação sobre consumo. A inclusão das carnes na cesta básica com alíquota zero e o tratamento diferenciado para uma série de produtos ampliaram distorções e elevaram as projeções de arrecadação de forma regressiva. Enquanto isso, o Tesouro Nacional divulgou que a dívida pública federal atingiu R$ 7,49 trilhões em fevereiro, com alta de 3,3% em relação ao mês anterior. O custo médio da dívida mobiliária interna também subiu, de 11,40% para 11,57% ao ano, reflexo do ambiente de juros elevados e da percepção de risco crescente. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reiterado o compromisso com o equilíbrio fiscal, mas os sinais práticos ainda são frágeis diante da dificuldade política de implementar cortes de gastos estruturais. No mercado de crédito, o episódio envolvendo o Banco Master reacendeu a atenção sobre os mecanismos de supervisão e a robustez do sistema financeiro nacional. Com um volume de cerca de R$ 50 bilhões emitidos em CDBs lastreados no Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a possível operação de compra pelo BRB por R$ 2 bilhões – contrastando com a proposta simbólica de R$ 1 feita pelo BTG – trouxe à tona questionamentos sobre o uso do FGC como instrumento de salvaguarda em operações de risco e as consequências potenciais para o sistema como um todo. Essa deterioração fiscal, combinada ao aumento da dívida pública e à fragilidade política, começa a impactar os mercados de forma mais evidente. Os títulos públicos de longa duração têm apresentado quedas expressivas. O Tesouro IPCA+ 2045, por exemplo, acumula perda de -8,95% nos últimos 12 meses. Para o investidor que observa essa marcação negativa no extrato, o dilema é claro: carregar ou vender? É fundamental compreender que, salvo em situações de necessidade de liquidez, vender nesse momento significa realizar uma perda que pode ser revertida no longo prazo, desde que o investidor mantenha o título até o vencimento. Em paralelo, ativos de crédito privado estruturado, como os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), têm ganhado protagonismo. Com lastros em recebíveis empresariais e estruturação adequada de garantias e subordinadas, esses fundos oferecem retornos atrativos e menor volatilidade de mercado. Em um ambiente de instabilidade política e tributária, ativos que se descolam da marcação a mercado diária e proporcionam previsibilidade de fluxo ganham valor na construção de carteiras. O comportamento do consumidor e do setor produtivo também tem refletido o aumento da incerteza. A elevação do teto dos juros do consignado do INSS para 1,85% ao mês e o crescimento da inadimplência entre pequenas empresas sugerem que o ambiente de crédito tende a permanecer restritivo. Apesar da manutenção da Selic em patamares elevados, a capacidade de estímulo da política monetária está limitada pela piora das expectativas fiscais e pelo aumento do risco-país. Por fim, vale destacar a crescente politização de decisões econômicas. O ministro Haddad atribuiu recentemente a queda de popularidade do presidente Lula a “problemas globais”, mas o mercado reage, acima de tudo, a sinais concretos de responsabilidade fiscal, segurança jurídica e previsibilidade institucional – todos pontos que seguem pressionados. Cenário Internacional O mês de março consolidou uma dinâmica global marcada por volatilidade geopolítica, resiliência econômica e avanços tecnológicos com potenciais implicações para os mercados. Em um ambiente ainda condicionado por tensões diplomáticas e instabilidades regionais, os principais vetores macroeconômicos mostraram relativa robustez — ainda que com importantes sinais de reavaliação dos riscos por parte dos investidores institucionais. Nos Estados Unidos, o ciclo de política monetária permanece ancorado na perspectiva de juros elevados por um período mais prolongado (“higher for longer”), reforçado por dados ainda sólidos do mercado de trabalho e uma inflação que, embora desacelerando, segue pressionada por fatores estruturais como o custo dos serviços. A curva dos Treasuries reflete esse ambiente, com a Treasury de 10 anos se mantendo na faixa dos 4,30%, após ter tocado máximas acima de 4,80% no início do ano. No entanto, começa a se consolidar entre os investidores a expectativa de que, mesmo sem cortes no curto prazo, o aperto monetário pode ter alcançado seu pico. Esse cenário de política monetária norte-americana também se projeta sobre os mercados emergentes. Apesar da ausência de fluxos relevantes para a classe de ativos nos últimos trimestres, os bonds soberanos e corporativos da América Latina têm mostrado um perfil de risco-retorno bastante atrativo. Destacam-se Colômbia e México, ambos investment grade, com spreads historicamente interessantes frente aos títulos brasileiros, mesmo mantendo maior qualidade de crédito. Particularmente, a Colômbia chama a atenção pelo perfil fiscal desafiador, mas com boas perspectivas políticas em função das eleições presidenciais em 2026, o que já vem sendo precificado positivamente pelo mercado. Já a Argentina, protagonista de um dos mais expressivos turnarounds econômicos recentes, experimenta forte valorização de seus ativos de crédito, com a política fiscal de Milei promovendo superávits inéditos e controle inflacionário em tempo recorde. A depender da negociação com o FMI e do avanço em reformas institucionais, o país pode, em breve, recuperar o acesso pleno aos mercados internacionais de capitais. Na Europa, o alívio inflacionário reforçou
Carta Mensal aos Clientes – Janeiro 2025

A dificuldade não está em desenvolver novas ideias, mas em escapar das antigas.” John Maynard Keynes Cenário Local O mês de janeiro, tradicionalmente marcado pelo recesso político, trouxe uma pausa importante para a economia brasileira, que seguiu seu curso sem os impactos das disputas internas que frequentemente paralisam o país. Essa calmaria revelou a necessidade de um ambiente político mais harmônico, que permita ao Brasil avançar sem as distrações das brigas partidárias. Contudo, essa tranquilidade não deve mascarar os desafios que exigem ações coordenadas e urgentes. Para que o Brasil continue no caminho do crescimento, é essencial que a política se distancie das polarizações e busque um alinhamento em torno dos interesses nacionais. O país não pode ser refém de divisões internas o foco precisa ser nas reformas estruturais que garantam a sustentabilidade fiscal e o crescimento econômico. Agora é o momento de unir forças e tomar decisões responsáveis que proporcionem um futuro próspero para todos os brasileiros. Diante de um cenário repleto de desafios e incertezas políticas e fiscais, o Brasil se vê à beira de um impasse crítico que exige não apenas reflexões profundas, mas também ações imediatas e coordenadas para evitar que a economia do país siga uma trajetória de instabilidade prolongada. No cerne desse desafio está a ausência de uma política fiscal robusta, que permita não apenas a redução da dívida pública, mas também o restabelecimento da confiança dos investidores no país. A fragilidade fiscal, aliada a uma política monetária expansionista em um contexto de gastos elevados, cria um cenário que favorece a inflação e o aumento do déficit público, pressionando negativamente o mercado e, consequentemente, o poder de compra da população. A necessidade de uma coordenação precisa e eficaz entre as políticas fiscal e monetária não é uma mera recomendação, mas uma exigência urgente para que o Brasil possa retomar o crescimento sustentável e reconquistar a confiança dos agentes econômicos. A política fiscal, longe de ser um elemento secundário, precisa ser vista como o pilar central para a estabilização da economia. O contínuo aumento dos gastos públicos, sem o devido controle e sem uma estratégia de longo prazo para redução da dívida, coloca o país em uma posição de vulnerabilidade crescente. Nesse contexto, a política monetária, ao tentar conter os efeitos da inflação e o descontrole fiscal, se vê forçada a adotar medidas restritivas, como a manutenção de juros elevados. Esse ciclo vicioso cria uma espiral de incertezas que limita as possibilidades de crescimento econômico e exacerba as dificuldades já enfrentadas pela população. Uma medida recente que pode agravar esse cenário é a isenção de R$ 5.000,00 no Imposto de Renda, proposta como uma tentativa de alívio para a classe média. Embora bem-intencionada, essa medida resulta em uma perda significativa na arrecadação do governo, o que pode agravar ainda mais as pressões fiscais já existentes. Em um momento em que o país carece de reformas fiscais urgentes, a diminuição na arrecadação pode colocar em risco a estabilidade das contas públicas, levando a um aumento do déficit fiscal. O impacto disso no mercado será inevitável, pois, à medida que o risco fiscal se eleva, o prêmio de risco no mercado tende a crescer, dificultando o acesso ao crédito e aumentando o custo de financiamento para o setor público e privado. Além disso, sob o ponto de vista monetário, essa redução na arrecadação pode forçar o Banco Central a adotar políticas monetárias ainda mais restritivas, perpetuando a elevação das taxas de juros. A combinação de um alto prêmio de risco e juros elevados cria um cenário de baixo crescimento econômico e altos custos para a população, especialmente para as camadas mais vulneráveis da sociedade. Nesse contexto, a flexibilidade fiscal do governo se torna cada vez mais limitada, e a capacidade do Banco Central de equilibrar o crescimento econômico com a estabilidade financeira se estreita. Em meio a essa complexidade, os discursos de figuras políticas, como Hugo Mota e Davi Alcolumbre, merecem uma análise cuidadosa. Hugo Mota, ao assumir a presidência da Câmara dos Deputados, enfatiza a importância da unidade e da construção de consensos entre os poderes, destacando que o objetivo final das ações políticas deve ser a melhoria das condições de vida da população brasileira. Sua ênfase na democracia e na harmonia entre os poderes reflete uma visão de um Brasil mais unido e focado em resultados concretos, como emprego, segurança, educação e saúde pública de qualidade. No entanto, é necessário destacar que a conjuntura fiscal do país impõe limitações severas a esse discurso de otimismo. A falta de uma política fiscal clara e responsável pode resultar em um crescimento desacelerado e em um aumento da dívida pública, o que, inevitavelmente, comprometerá a capacidade do governo de implementar políticas eficazes. Davi Alcolumbre, por sua vez, ao reafirmar seu compromisso com a democracia e com a busca pelo bem-estar do povo brasileiro, também coloca a responsabilidade de sua presidência como algo coletivo, buscando não o protagonismo, mas a construção de consensos que atendam aos anseios da população. No entanto, a promessa de trabalhar pela geração de empregos e pelo desenvolvimento social, em um contexto de incertezas fiscais e monetárias, depende de uma ação concreta e eficaz em relação às finanças públicas. A confiança política e o compromisso com o crescimento social são essenciais, mas eles precisam ser acompanhados de reformas estruturais que possam, de fato, aliviar a pressão fiscal e trazer estabilidade à economia. Em um ambiente de juros elevados e de incertezas fiscais, é impossível garantir o crescimento sem que a política fiscal do país seja reequilibrada e ajustada. A situação é ainda mais desafiadora diante da crescente complexidade econômica do Brasil. Embora o país busque se modernizar e diversificar suas estratégias, os desafios fiscais e monetários persistem como fatores limitantes. A implementação de reformas fiscais e a busca por estabilidade monetária são essenciais para garantir um cenário mais favorável para o crescimento e para atrair investidores internacionais. A confiança no Brasil só poderá ser restaurada quando o país assumir, de forma clara e responsável,
Carta Mensal aos Clientes – Perspectivas 2025

“A dificuldade não está em desenvolver novas ideias, mas em escapar das antigas.” John Maynard Keynes Cenário Local A economia brasileira em 2025 enfrenta um momento de ajustes e desafios. Após um período de crescimento acima da média, impulsionado por políticas fiscais expansionistas, o país entra em uma fase de desaceleração econômica marcada por um aperto monetário e fiscal. Essa transição tem como objetivo restabelecer o equilíbrio macroeconômico, com destaque para a redução da inflação, que deve permanecer acima da meta em parte do ano. O Banco Central adotou uma postura mais agressiva em relação à taxa Selic, que se manteve elevada para conter as expectativas inflacionárias. Projeta-se um leve afrouxamento monetário a partir do segundo semestre, dependendo do sucesso em controlar os índices de preços. Entretanto, essa política tem impactado diretamente os setores de consumo e investimentos, criando um ambiente desafiador para as empresas locais. O crescimento do PIB, após superar 3% em anos anteriores, deve desacelerar para cerca de 2%, refletindo tanto as restrições fiscais quanto o impacto do aumento de juros sobre a atividade econômica. No campo fiscal, o governo enfrenta a necessidade de ajustar as contas públicas. A relação dívida/PIB permanece elevada, exigindo reformas estruturais para conter o crescimento das despesas obrigatórias. O avanço da reforma tributária, incluindo a implementação do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), promete trazer maior previsibilidade e eficiência ao sistema, mas também pode gerar resistências de setores específicos, como o agronegócio. Outro ponto de destaque é a volatilidade do mercado cambial. Embora o real possa se beneficiar de fluxos externos, particularmente em razão de taxas de juros atrativas para investidores estrangeiros, o cenário global de desaceleração econômica e menor apetite por risco pode limitar ganhos. Dessa forma, espera-se que a moeda opere com flutuações significativas ao longo do ano. Além disso, as projeções da XP apontam um crescimento do PIB de aproximadamente 2% em 2025, reforçando o cenário de moderação econômica. As expectativas para a inflação, apesar do recuo gradual, ainda permanecem acima da meta, com a taxa Selic sendo ajustada gradualmente para níveis mais baixos ao longo do ano. Esses indicadores refletem um momento de transição, no qual a política monetária e fiscal terá papel crucial para estabilizar a economia e estimular setores estratégicos. A XP destaca ainda o potencial de recuperação em áreas ligadas à exportação e ao agronegócio, enquanto setores voltados ao consumo interno podem enfrentar maior pressão. O CDI, considerado o “algoz” da diversificação em 2024, continua sendo um tema relevante para 2025. No último ano, a forte performance do CDI em um contexto de juros elevados superou muitas outras classes de ativos, reforçando o desafio de buscar alternativas para diversificação que apresentem retorno competitivo. Esse fenômeno evidenciou a dificuldade dos investidores em construir portfólios balanceados em um cenário de alta rentabilidade em renda fixa. Com a expectativa de flexibilização monetária no segundo semestre 2025, o CDI deve perder parte do brilho, abrindo espaço para um maior interesse em ativos mais arriscados, mas que podem oferecer um melhor equilíbrio risco-retorno no longo prazo. No setor empresarial, empresas dependentes do mercado interno devem sentir o impacto da combinação de juros altos e restrições fiscais. A bolsa brasileira enfrenta desafios, com uma combinação de revisões de lucros para baixo e menor liquidez, especialmente em setores mais expostos ao ciclo doméstico, como varejo e construção civil. Áreas ligadas à exportação, por outro lado, podem apresentar resiliência devido à manutenção de preços competitivos de commodities no mercado global. Cenário Internacional No âmbito internacional, 2025 se desenha como um ano de desafios e transformações estruturais. Nos Estados Unidos, a administração Trump tem adotado políticas protecionistas que incluem aumento de tarifas comerciais e desregulamentação, buscando reposicionar a economia americana como líder em competitividade global. Essas medidas, embora promissoras para setores específicos, como manufatura e tecnologia, têm gerado preocupações em relação à inflação estrutural e à possibilidade de recessão. A taxa de juros nos Estados Unidos deve se manter em patamares relativamente altos, garantindo a atratividade do dólar como porto seguro, mas também dificultando condições de crédito para setores mais vulneráveis. Dentro do mercado acionário, a performance das “Magnificent 7” (Apple, Google, Microsoft, META, Tesla, Nvidia e Amazon) em relação ao restante do S&P 500 tem chamado atenção. Entre 2023 e 2024, enquanto as “Mag 7” obtiveram uma valorização expressiva, impulsionadas pela expansão da inteligência artificial e de tecnologias de ponta, o restante do índice teve ganhos muito mais modestos. Esse descolamento reflete uma concentração de retornos em poucos setores, destacando riscos e oportunidades para investidores em 2025, que devem considerar cuidadosamente a diversificação dentro do mercado americano. Na China, a desvalorização do yuan tem se consolidado como uma estratégia para neutralizar as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Essa política de desvalorização cambial busca estimular a competitividade dos produtos chineses no mercado global, compensando os custos adicionais gerados pelas tarifas comerciais. Além disso, a China tem intensificado suas compras de ouro, reforçando suas reservas como uma estratégia para reduzir a dependência do dólar e fortalecer a estabilidade de sua economia em um ambiente internacional volátil. Esse movimento estratégico reflete um esforço contínuo do governo chinês para garantir maior resiliência frente a flutuações cambiais e geopolíticas. Como consequência, o yuan enfraquecido pode consolidar ainda mais a posição do dólar americano como moeda de referência global, ao mesmo tempo em que intensifica as tensões entre as duas maiores economias do mundo. Essa dinâmica também aumenta os desafios para países emergentes, que enfrentam pressões cambiais e financeiras diante de um cenário de dólar fortalecido. Na Europa, a política monetária do Banco Central Europeu continua expansionista, buscando apoiar economias fragilizadas por crises internas e externas. A região enfrenta desafios significativos, incluindo o alto endividamento de alguns países membros e a transição energética para fontes mais sustentáveis. Já a China, embora continue crescendo, demonstra sinais de desaceleração devido ao enfraquecimento do setor imobiliário e à necessidade de reestruturar sua economia para um modelo mais baseado no consumo interno. No campo das commodities, a estabilização dos preços reflete um
Carta Mensal Aos Clientes – Dezembro 2024

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.” Charles Darwin Cenário Local – Dezembro 2024 Ao nos despedirmos de 2024, refletimos sobre um ano que ficará marcado como um dos mais desafiadores para a economia brasileira. Este foi um ano em que a busca pelo equilíbrio fiscal e a estabilização econômica enfrentaram dificuldades enormes, enquanto a sociedade conviveu com incertezas crescentes e pressões significativas sobre o custo de vida. Os eventos que se desenrolaram neste ano nos oferecem uma oportunidade para refletir sobre o que foi feito, onde erramos e quais lições podemos levar adiante para um futuro mais estável e próspero. Logo no início do ano, as expectativas para 2024 eram razoavelmente moderadas. O crescimento econômico projetado de 1,5%, uma taxa Selic em torno de 10%, e um câmbio próximo a R$4,80 pareciam previsões viáveis, dado o cenário global de desaceleração e os desafios fiscais que o Brasil já enfrentava. No entanto, ao longo do ano, vimos esses indicadores se distanciar cada vez mais das previsões iniciais, à medida que fatores internos e externos moldavam um panorama mais desafiador do que se imaginava. Agora, no último mês do ano, em 26 de dezembro, a bolsa está em 121.077 pontos, o dólar alcança R$6,16, a Selic encontra-se em 12,25%, e a inflação acumulada até novembro é de 4,87%, com expectativas de 100% de fechar acima da meta estipulada pelo Banco Central. No início de 2024, a economia brasileira apresentava sinais de superaquecimento. O entusiasmo inicial foi sustentado por uma arrecadação recorde: nos dez primeiros meses, a receita federal somou R$ 2,182 trilhões, um aumento real de 9,69% em relação ao mesmo período de 2023. Em termos nominais, isso representou um crescimento de 14,40%, configurando o melhor desempenho arrecadatório desde 1995. Contudo, mesmo com esse incremento notável na arrecadação, o governo não conseguiu encerrar o ano com um déficit fiscal de R$ 55,373 bilhões, ressaltando um descompasso persistente entre receitas e despesas. Gastos Públicos e Pressão Fiscal Boa parte do desequilíbrio fiscal está relacionada à expansão permanente de programas sociais e as novas políticas salariais. Em 2023, as despesas primárias do governo federal representaram 19,6% do PIB, um aumento expressivo em comparação aos anos anteriores, quando esse percentual girava em torno de 17,8%. Em 2024, essa tendência de crescimento se manteve, impulsionada pela ampliação do Bolsa Família e outras iniciativas que aumentaram significativamente as despesas obrigatórias. Embora essas medidas tenham atendido demandas sociais importantes, sua implementação sem cortes compensatórios em outras áreas pressionou as contas públicas de maneira insustentável. Paralelamente, vimos a aprovação de um novo modelo de imposto sobre valor agregado (IVA), cuja alíquota alcançou impressionantes 28%, a mais alta do mundo. Apesar de seu objetivo inicial ser simplificar o sistema tributário e aumentar a arrecadação, sua implementação trouxe consequências inesperadas, especialmente para setores como o alimentício, que sofreram com a exclusão de produtos básicos, como carnes, da alíquota zero. Esse aumento de carga tributária impactou diretamente a inflação e reduziu o poder de compra das famílias brasileiras. A dinâmica fiscal tensa também se refletiu na relação do governo com o Banco Central. Desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023, a autonomia do Banco Central foi alvo de questionamentos, culminando em conflitos políticos que polarizaram a discussão pública. Em 2024, essa disputa se intensificou, com o presidente criticando o nível da taxa Selic e mobilizando apoiadores contra a postura conservadora da autoridade monetária. Essa tensão dificultou a implementação de políticas coerentes e aumentou a percepção de instabilidade institucional. Inflação, Taxa de Juros e Câmbio Ao longo de 2024, a inflação mostrou-se persistente, encerrando o ano acima da meta estipulada pelo Banco Central. Em novembro, o índice acumulado em 12 meses alcançou 4,87%, e as expectativas indicavam 100% de chance de fechar o ano fora do intervalo permitido. Essa inflação elevada foi influenciada por diversos fatores, incluindo o aumento da carga tributária, a desvalorização cambial e a pressão dos gastos governamentais. A taxa de juros também foi um elemento central no cenário econômico. Começando o ano em 11,75%, a Selic alcançou 12,25% em dezembro, em um esforço do Banco Central para controlar as pressões inflacionárias. No entanto, o alto custo do crédito gerou impactos adversos sobre as empresas e os consumidores. Os pedidos de recuperação judicial aumentaram significativamente, refletindo as dificuldades financeiras enfrentadas por muitos setores. No mercado cambial, 2024 foi um ano de volatilidade extrema. O dólar, que iniciou o ano cotado a R$4,89, encerrou dezembro em R$6,16, pressionado por fatores como a instabilidade política interna, a fragilidade fiscal e o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos. Essa desvalorização cambial encareceu as importações, afetando tanto a inflação quanto a competitividade das indústrias nacionais que dependem de insumos externos. Empresas Estatais e Lei Rouanet No campo das empresas estatais, 2024 trouxe desafios financeiros significativos. De janeiro a agosto, as estatais federais acumularam um déficit de R$ 3,3 bilhões, com projeções indicando um total de R$ 3,7 bilhões até o final do ano – o maior déficit desde 2009. Entre as estatais mais impactadas destacaram-se a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), com um déficit de R$ 2,5 bilhões, os Correios (R$ 2,1 bilhões) e a Infraero, que também registrou resultados negativos expressivos. Fonte: Poder 360 Enquanto isso, a Lei Rouanet bateu recordes de liberação de recursos. Em 2024, foram autorizados R$ 16,8 bilhões em incentivos fiscais, acumulando R$ 34,4 bilhões em dois anos – o maior valor da história. Embora isso represente um importante impulso para o setor cultural, também gerou debates acalorados sobre a alocação de recursos públicos e a eficiência dessas políticas em um cenário de restrição fiscal. Oportunidades e Lições para o Futuro Apesar do cenário adverso, 2024 também trouxe oportunidades para investidores e empresas que souberam se adaptar. O mercado de renda fixa destacou-se como uma opção segura em meio à instabilidade, oferecendo proteção contra a inflação e retornos competitivos. Além disso, setores voltados para exportação
Carta Mensal Aos Clientes – Outubro 2024

“As ideias dos economistas e filósofos políticos, tanto quando estão certas, quanto quando estão erradas, são mais poderosas do que se imagina. Na verdade, o mundo é governado por pouco mais. “ John Maynard Keynes INDICADORES ECONÔMICOS Brasil Indicadores Econômicos Fechamento do Mercado Mundo Indicadores Econômicos Fechamento do Mercado Cenário Local – Novembro 2024 O mês de outubro trouxe desenvolvimentos políticos e econômicos de grande relevância para o Brasil, especialmente no cenário eleitoral e nas dinâmicas de mercado. Com as eleições municipais, o país assistiu à configuração das forças políticas para o futuro, ao mesmo tempo em que a economia sente o impacto da volatilidade cambial e das incertezas fiscais. No campo político, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, saiu fortalecido ao apoiar Ricardo Nunes na reeleição à prefeitura de São Paulo, em uma disputa que resultou na derrota de Guilherme Boulos. Esse apoio consolidou Tarcísio como uma liderança promissora e potencial candidato presidencial para 2026, embora ele considere a possibilidade de disputar a reeleição como governador, uma alternativa mais segura. Ao mesmo tempo, a eleição municipal consolidou o PL como uma força de direita e reforçou a base bolsonarista, que, com o apoio de Jair Bolsonaro, elegeu 516 prefeitos. Entretanto, o bolsonarismo enfrentou limitações em grandes cidades, como Fortaleza e Belo Horizonte, onde candidatos apoiados por Bolsonaro não conseguiram atrair o eleitorado mais amplo. O PT, por sua vez, teve uma leve recuperação, alcançando 252 prefeituras, mas ainda enfrenta dificuldades nos grandes centros urbanos. A vitória de Lula em 2022 refletiu mais sua força individual do que a do partido, que precisará de uma coalizão mais ampla para se manter competitivo em 2026, caso Lula, prestes a completar 80 anos, não concorra novamente. Fonte: G1. Eleições 2024. No cenário econômico, a alta do dólar permanece como um ponto de preocupação, com a moeda americana atingindo R$5,81 – o maior valor desde maio de 2020 e o mais alto sob o governo Lula. Esse patamar reflete as incertezas econômicas, impactando diretamente importações, custos de produção e, consequentemente, o consumidor. O impacto inflacionário é evidente também no avanço do IGP-M, influenciado pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que subiu 1,94% em Novembro. Essa pressão no atacado pode se refletir nos preços ao consumidor, agravando o cenário inflacionário. Além disso, o IPCA-15 registrou alta de 0,54%, acima do consenso de mercado, com aceleração nos serviços subjacentes e núcleos inflacionários. Esse quadro reforça a postura recente do Banco Central, que sinalizou uma possível aceleração no ritmo do aperto monetário, com expectativa de elevação de 50 pontos-base na próxima reunião. Diante da possibilidade de uma política monetária mais rigorosa, os próximos passos do Copom serão cruciais para conter as pressões inflacionárias, que afetam diretamente o poder de compra da população. Após o término das eleições, o governo federal tem dado destaque à necessidade de estabilização fiscal, anunciando pacotes de corte de gastos que variam entre R$30 bilhões e R$50 bilhões. A estratégia, entretanto, envolve uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que requer uma tramitação complexa e possivelmente só terá impacto efetivo em 2026, jogando o peso dos ajustes para o próximo governo. Essa abordagem gera dúvidas sobre o compromisso do governo atual com a execução dos ajustes durante o próprio mandato, especialmente em um contexto onde a dívida pública voltou aos patamares alarmantes da pandemia. Soma-se a isso o déficit das estatais brasileiras, que até recentemente operavam em superávit e agora registram déficits, refletindo as condições econômicas adversas e as políticas de expansão de investimentos e despesas nas estatais. Fonte: Poder 360. No âmbito fiscal, há divergências internas sobre o pacote de corte de gastos, com setores do governo resistindo a possíveis reduções. Recentemente, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que cortes em áreas como abono salarial e seguro-desemprego não estão em discussão, classificando qualquer mudança sem seu aval como uma “agressão”. O governo estuda alternativas, como destinar uma parte das emendas de comissão para a Saúde e aumentar a parcela do Fundeb destinada ao piso da Educação, o que poderia abrir um espaço fiscal de até R$33 bilhões em três anos. No entanto, essas divergências dificultam a implementação de uma política fiscal coesa e eficiente. Fonte: Poder 360. Por fim, no mercado de crédito privado, observamos um movimento de correção após uma fase de compressão dos spreads. Algumas emissões não captaram o volume desejado e outras foram adiadas devido à falta de demanda. Esse ajuste se deve à elevação da taxa CDI, que reduziu a atratividade das emissões. Para contornar esse cenário, algumas gestoras optaram por fechar fundos para novas captações, preservando a rentabilidade e evitando a necessidade de aplicar recursos a taxas desfavoráveis. A correção dos spreads é vista como uma medida essencial para equilibrar o mercado, tornando os investimentos mais atrativos no médio prazo. Dado o contexto, o cenário atual exige uma atenção redobrada às variáveis políticas e econômicas que poderão moldar os próximos passos da economia brasileira. O cenário internacional deste mês é marcado por eventos de grande relevância que moldam as perspectivas econômicas e de investimentos em âmbito global. Entre os principais pontos de atenção, destacam-se as eleições presidenciais nos Estados Unidos, a trajetória do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) americano, o conflito envolvendo Israel e Irã, e a guerra entre Rússia e Ucrânia. Nos Estados Unidos, o recente resultado das eleições presidenciais trouxe Donald Trump de volta à presidência, o que tende a direcionar a política americana para uma abordagem nacionalista e protecionista. Essa vitória sinaliza um possível retorno às políticas de “America First”, com foco na redução de compromissos multilaterais e no reforço de práticas econômicas voltadas para o mercado interno. Essa mudança de direção deve impactar não só a economia americana, mas também o cenário global, afetando mercados e investidores que aguardam uma possível revisão das políticas de alianças e comércio exterior. O posicionamento do governo Trump frente a temas como a inflação e o comércio internacional será monitorado de perto, pois suas decisões podem ter repercussões profundas nas expectativas
Carta Mensal Aos Clientes – Setembro 2024

“A inflação é igual a uma gripe: se você cuidar, ela passa; se não cuidar, pode virar pneumonia.” – Delfim Netto Cenário Nacional O mês trouxe diversas movimentações importantes no cenário econômico brasileiro, com destaque para o fechamento do spread de crédito privado. Esse movimento, que já era aguardado pelo mercado, resultou no encurtamento dos títulos de renda fixa e trouxe impactos relevantes para os fundos de crédito pós-fixado. Os dados da curva de crédito ilustram bem essa mudança. Para os títulos com rating AAA, por exemplo, os vértices mais curtos (até 1 ano) estão apresentando taxas abaixo de 0,40%, enquanto os prazos mais longos (até 15 anos) chegam a 0,6687%. Fonte: AMBIMA Esse achatamento dos spreads para prazos mais longos torna menos atraente para os gestores manterem papéis de maior duração em suas carteiras. Já para os ratings mais arriscados, como AA e A, as taxas aumentam significativamente, refletindo o prêmio de risco exigido por esses ativos. Outro ponto de atenção é o impacto nos fundos que tradicionalmente operavam com títulos high grade, oferecendo um retorno de cerca de 105% do CDI. Com o fechamento dos spreads, os retornos desses fundos tendem a diminuir. O encurtamento da curva de spread implica que os títulos de prazos mais longos passam a ter menor rentabilidade, enquanto os prazos curtos também apresentam limitações. Isso pressiona os gestores a buscarem novas estratégias para preservar a rentabilidade, muitas vezes aumentando a exposição a papéis com maior risco de crédito, como aqueles com rating AA ou A, que, embora ofereçam retornos mais atrativos, também carregam maior volatilidade. Além disso, a curva de juros para títulos de rating AAA se aproxima dos patamares mais baixos para prazos de até 5 anos, com taxas variando entre 0,3123% e 0,6394%. Isso torna o mercado de crédito menos lucrativo, a menos que os gestores revisem suas estratégias de risco, aumentando a exposição a ativos de maior duração ou com maior risco de crédito para tentar compensar o fechamento dos spreads. Em relação ao volume de emissões de títulos de crédito, os números continuam robustos. Até agosto de 2024 com destaque para debêntures e CDBs, refletindo o contínuo apetite por crédito corporativo no país. Outro destaque deste mês foi a redução dos saques nos fundos multimercados, que anteriormente enfrentavam uma pressão maior. Esses fundos têm agora focado em estratégias macroeconômicas e em investimentos internacionais, onde enxergam oportunidades em meio às incertezas globais. Simultaneamente, o mercado de ações no Brasil registrou uma alta significativa, impulsionada pela redução das taxas de juros na China e pelos pacotes de estímulo ao consumo, que beneficiaram empresas como a Vale e contribuíram para a valorização do Ibovespa. Por fim, a recente quebra da Agrogalaxy trouxe grandes desafios aos fundos FIAGROS, que estão enfrentando dificuldades para ajustar suas carteiras. Essa crise evidenciou a fragilidade de alguns setores do agronegócio, impactados por condições de crédito mais restritivas e por problemas de pagamento de produtores. O cenário exige uma gestão cuidadosa dos riscos, especialmente para os fundos expostos a empresas do setor, que agora enfrentam maiores desafios. Para complementar nossa análise, o gráfico a seguir apresenta o desempenho das principais classes de ativos ao longo dos últimos anos. Nele, podemos observar como diferentes ativos, como o Dólar (V/V), Ibovespa, Selic, entre outros, variaram em termos de rentabilidade. Em 2024, o destaque foi para o Dólar com uma valorização de 15,85%, enquanto o Ibovespa também mostrou força em 2023, atingindo 22,09%. Essa análise visual reforça a importância da diversificação em momentos de volatilidade, permitindo que diferentes classes de ativos se destaquem em períodos distintos. Fonte: AMBIMA Seguimos atentos a todos esses movimentos e continuaremos ajustando as alocações conforme necessário para proteger e maximizar o retorno do seu patrimônio. Estamos à disposição para discutir quaisquer dúvidas ou ajustes nas suas estratégias de investimento. Cenário Internacional No cenário internacional, as tensões no Oriente Médio se intensificaram com a guerra entre Israel e o Hezbollah. Esse conflito, que já tem raízes profundas na geopolítica da região, preocupa não só pelas implicações humanitárias, mas também pelos possíveis impactos econômicos globais. A entrada do Irã, um dos principais aliados do Hezbollah, no conflito, traria uma escalada de grande magnitude. O Irã, como um dos maiores produtores de petróleo do mundo, tem um papel crucial no mercado energético global. Qualquer interrupção em sua produção ou exportação pode causar grandes oscilações no preço dos combustíveis. O Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial, seria diretamente afetado caso o Irã optasse por usar sua influência para restringir o tráfego marítimo ou mesmo interromper a passagem de petróleo. O impacto imediato seria um aumento significativo nos preços do petróleo e derivados, pressionando economias dependentes de importações de energia, como é o caso de muitos países europeus e asiáticos. Além disso, a volatilidade nos preços do petróleo poderia reverter as tendências de queda na inflação global, desafiando bancos centrais que já estão lidando com os efeitos de políticas monetárias restritivas. Abaixo segue gráfico do petróleo: Fonte: Bloomberg Outro ponto de destaque no cenário internacional é a eleição presidencial dos Estados Unidos, marcada para a terça-feira, 5 de novembro de 2024. As campanhas de Kamala Harris e Donald Trump dominam o cenário político, com suas respectivas visões muito distintas para o futuro do país. Kamala Harris, atual vice-presidente dos EUA, busca consolidar a continuidade das políticas democratas implementadas durante o governo Biden. Sua campanha foca em temas como saúde acessível, justiça social, direitos civis, e, sobretudo, mudanças climáticas, uma pauta cada vez mais relevante tanto no âmbito doméstico quanto internacional. Por outro lado, Donald Trump, ex-presidente, está em sua terceira tentativa de voltar ao cargo. Ele mantém um discurso focado em economia nacional, segurança e políticas imigratórias rígidas, além de uma postura protecionista com relação ao comércio exterior. A polarização entre as duas campanhas é intensa, com um eleitorado dividido entre visões muito contrastantes sobre o papel dos EUA no mundo e suas políticas internas. As implicações desse processo eleitoral transcendem as fronteiras americanas: o resultado da